queria fechar-se inteiro num poema
[...] quero eu dizer: todo
vivo moribundo morto
e a sombra dos elementos por cima
herberto helder, a morte sem mestre
fotografia de jorge pimenta
ofereço-te a insónia
mãos que transpiram e
um par de olhos pousados em nuvens
rasgadas
ofereço-te ilhas brancas e arquipélagos
navios inteiros, tripulações e
tantos impossíveis
sobretudo
ofereço-te este braço,
esguio e magro,
no punho de um guarda-chuva
derretendo a tela entre gotas ácidas
que incham, fremem e queimam o dia
em que regressámos um ao outro,
corpo gasto de tanto assobiar
ao medo e à fome de
todas as coisas.